quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Dilma sem medo da faixa presidencial


Gabriel Caprioli e Tiago Pariz

A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) quer conduzir o período de transição nos próximos dois meses com a faixa de presidente no peito. Bastante à vontade, bem humorada e disposta a responder a qualquer pergunta, a petista deixou claro, ao lado do mentor Luiz Inácio Lula da Silva, a pauta que pretende ver o Congresso debruçado.

Dilma deixou no ar a possibilidade da criação de um tributo para financiar a saúde - papel que já foi da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), conhecida como o imposto sobre os cheques. Não só quer ver aprovado o marco regalório do pré-sal, como garantir um salário mínimo superior a R$ 600 em 2012, reajustar o valor mensal do Bolsa Família e expandir o número de beneficiados.


Ao lado de Lula, Dilma concedeu a primeira entrevista coletiva depois da eleição e antes de descansar por quatro dias numa praia do Nordeste: bom humor e acenos aos parlamentares Foto: Edilson Rodrigues/CB/D.A Press

A petista garantiu que não enviará nenhuma proposta de retorno da CPMF. Na verdade, nem precisa. Tramita no Congresso uma emenda constitucional que recria o tributo com o nome de Contribuição Social para a Saúde (CSS). Dilma prometeu não fazer nada sem antes garantir um grande acerto com os governadores eleitos. "Não pretendo encaminhar nada ao Congresso, mas o país será resultado desses acordos. O que quero dizer é que não há uma necessidade premente da União (em aumentar a arrecadação via novos impostos). Mas nos estados, há esse processo", afirmou.

Lula não escondeu a alegria de estar ao lado da pupila. Usando um tom despojado, tratou o financiamento da saúde como prioritário. Praticamente disse ser urgente encontrar uma maneira para elevar as receitas. "Alguma coisa tem que ser feita se a gente quiser levar tratamento de alta complexidade para todos. Todos os políticos têm plano de saúde. Todo jornalista tem plano médico. Todos os deputados e senadores têm. Portanto, eles, quando entram num hospital, fazem quinhentos exames naquelas máquinas sofisticadas. Se a gente quiser levar isso para a sociedade, vamos ter que ter mais recursos", exemplificou.

Dilma escolheu o Palácio do Planalto como local de sua primeira entrevista coletiva. Acabou abordando assuntos diversos: indicação de ministros, relação do PT com o PMDB, MST, trem bala, política externa, obras no Nordeste e governo de transição. Bastante aliviada em relação ao perfil da última semana antes da eleição, encampou pela metade uma proposta de seu adversário José Serra (PSDB) para o salário mínimo. "Nós vamos ter um salário mínimo, no horizonte de 2014, bem acima de setecentos e poucos reais. Se não tiver nenhuma alteração, já no início de 2012 ele estaria acima de R$ 600", afirmou Dilma. Serra havia proposto esse valor para o ano que vem.

Sombra - A presidente eleita deixou o Planalto direto para um retiro de quatro dias em uma praia nordestina. Enquanto descansa, os parlamentares aliados quebrarão a cabeça para tirar do papel essa pauta de intenções. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, diz que os dias escassos de votação impedirão a análise de propostas mais sensíveis, como o tributo destinado ao financiamento da saúde. Até o fim do ano, são 11 dias de votação,trancados por 12 medidas provisórias. "Com Orçamento e pré-sal, não conseguiremos apreciar mais nada", reconheceu o petista.

Essas propostas não são polêmicas apenas no Congresso. Para analistas, as declarações podem ser compreendidas como uma sinalização do estrangulamento das contas públicas. Uma vez que não consegue frear o comprometimento com a elevação dos gastos e deve contar com um crescimento econômico menor em 2011, o governo já estaria criando um clima propício para expandir as fontes de receita.
 
Fonte: Diário de Pernambuco

OAB aciona xenófoba no Ministério Público

Aluna do curso de direito utilizou o Twitter para difundir o preconceito contra os nordestinos


O preconceito contra os nordestinos expresso por meio do Twitter na última segunda-feira motivou ação da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Pernambuco (OAB-PE). Hoje, a entidade protocola, no Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP), notícia-crime contra Mayara Petruso, a estudante de direito daquele estado. Ela é apontada como autora da frase xenófoba que desencadeou uma avalanche de posts agressivos no microblog contra os nascidos na região. De acordo com informações da assessoria da OAB, a expectativa é que o MPF-SP analise as provas e decida se é cabível a ação penal contra a universitária.

Na declaração escrita no Twitter a estudante afirmou: "nordestino não é gente, faça um favor a São Paulo, mate um nordestino afogado". A frase foi 'inspirada' no suposto poder de decisão dos nordestinos no resultado do segundo turno da eleição presidencial. Em outras palavras, a vitória de Dilma Rousseff (PT) só teria ocorrido por conta dos votos recebidos por ela entre o Maranhão e Bahia. No entanto,a totalização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), indica que a petista venceria mesmo que fossem considerados apenas os votos das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte. No cenário em que os votos do Nordeste não são contabilizados, Dilma ficaria com 1,3 milhão de votos a mais que Serra. Até mesmo se fossem computados apenas votos do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, ela sairia vencedora, com cerca de 300 mil votos à frente.

Segundo o presidente da OAB-PE, Henrique Mariano, ao fazer tal declaração a estudante de direito praticou os crimes de racismo e de incitação pública à pratica delituosa. "O crime de racismo é um crime cuja penalidade é muito severa. É imprescritível e inafiançável. Ela poderá ser condenada a uma pena de dois a cinco anos de reclusão. Já o crime de incitação pública à prática de ato delituoso é mais brando. Ele prevê detenção de três a seis meses ou multa".

Ainda de acordo com Mariano, o que mais preocupa é o fato de o ocorrido não ser um ato isolado ou incomum. "Eu fico preocupado porque isso é recorrente. Agora, acredito que isso representa a movimentação de uma parcela pequena da população", ressalta. Para ele, essas ações têm por objetivo caluniar e difamar as pessoas que moram no Nordeste. "Isso não pode crescer. É o momento de as instituições reagirem, de efetivamente mostrarem que quem fizer será punido. A verdade é que as pessoas praticam esses atos delituosos na certeza de que não serão punidas".

Há cinco meses, o site de relacionamento Orkut também foi instrumento para atitude do gênero. Uma das comunidades da rede social veiculou mensagens preconceituosas contra as vítimas das enchentes registradas em Pernambuco e Alagoas, entre junho e julho deste ano. Na ocasião, a OAB-PE se mobilizou para acionar o MPF, mas, diante de ações já encaminhadas ao órgão motivadas pelo mesmo assunto, a entidade considerou a denúncia desnecessária.

O questionamento sobre o fato de Mayara ter sido ou não a primeira a se manifestar contra os nordestinos é irrelevante, segundo o presidente da OAB-PE. "Estamos partindo desse pressuposto, que a declaração dela foi que motivou todas aquelas declarações horríveis que foram postadas. Agora, se ao longo da instrução do processo, identificarmos que as outras pessoas, isso não impede movamos notícia-crime também contra os outros participantes. Não vou perder tempo tentando identificar todos. Isso pode levar muito tempo. Ela já está devidamente identificada e, independentemente se ela foi a primeira ou a segunda a postar, isso, ao meu ver, é irrelevante. O fato é que ela postou essa declaração", afirmou.
 
Fonte: Diário de Pernambuco

Rands está entre nomes cotados

Sucessão // Quatro deputados do PT concorrem à Presidência da Câmara


A disputa política deve aumentar nos próximos dias após o acordo fechado, ontem, entre o PT e o PMDB, partidos que vão disputar respectivamente o comando da Câmara dos Deputados e do Senado. Nesse cenário, pelo menos um nome de Pernambuco começou a ser ventilado para concorrer à sucessão do deputado federal Michel Temer (PMDB-SP), eleito vice-presidente da República no domingo passado. Ex-líder do PT na Casa e ex-presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o deputado federal Maurício Rands (PT) entrou na roda de especulações e corre por fora na disputa que já tem três nomes petistas colocados: Cândido Vaccarezza (PT-SP), Marco Maia (PT-RS) e Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Líder do PT na Câmara, Fernando Ferro disse que não foi procurado por Rands - seu conterrâneo -, para tratar do assunto. Mas ele admitiu que é muito cedo e que os nomes da legenda ainda estão sendo colocados. A eleição da Câmara acontece em fevereiro de 2011, após a posse dos novos deputados. "Até agora, só fui procurado oficialmente por Vaccarezza e por Marco Maia. Mas nós vamos abrir um debate sobre qual nome tem mais requisitos. O primeiro passo é convencer a bancada do PT para depois convencer a Câmara", declarou Ferro.

Rands falou com o Diario por telefone e frisou não ter se colocado para a disputa. Mas ele não deixou de vender o próprio peixe. "Algumas pessoas têm me colocado por conta do meu trânsito e do bom diálogo com a oposição, mas não estou me apresentando como candidato", declarou. "Evidentemente, o novo presidente deve estar sintonizado com a presidenta eleita (Dilma Rousseff (PT)", acrescentou o pernambucano.

Segundo um parlamentar governista eleito, que pediu reserva, o nome de Rands é bem cotado por ter trânsito em todos os partidos da base e da oposição. Ele é um dos parlamentares com maior prestígio entre os jornalistas de Brasília (DF), de acordo com pesquisa do Congresso Em Foco, e um dos petistas com prestígio em ascensão. Rands teve atuação de destaque na CPI dos Correios, em defesa do governo Lula, e na condição de líder do PT entre 12 de fevereiro de 2008 e 3 de fevereiro de 2009.
 
Fonte: Diário de Pernambuco

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Vida do jovem Renato Russo será retratada no cinema

02/11/2010 Da redação UOL
 
Depois de O Garoto de Liverpool, que retrata a adolescência de John Lennon, a cidade de Brasília vai ganhar uma produção equivalente. Segundo o site Pipoca Moderna, a vida do jovem Renato Russo será retratada no filme Somos Tão Jovens.

No papel da versão teen de Renato Russo estará o ator Thiago Mendonça (que fez o papel de Luciano em 2 Filhos de Francisco). A direção é de Antonio Carlos de Fontoura, que fez Gatão de Meia Idade.

Segundo o Pipoca Moderna, o filho de Renato Russo, Giuliano, também contribuirá para a produção. Com 21 anos, Giuliano é produtor musical e responsável por escolher as bandas que aparecerão no filme. Os ex-parceiros de Renato, o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá, farão o papel de seus próprios pais no longa.

O filme mostrará também outras bandas da cena de Brasília da época, como Paralamas do Sucesso e Capital Inicial. As filmagens devem começar entre abril e maio de 2011.

Dilma viaja na quarta-feira e nesta tarde recebe assessores

Dilma viaja na quarta-feira e nesta tarde recebe assessores
REUTERS

BRASÍLIA (Reuters) - A presidente eleita Dilma Rousseff viaja na quarta-feira para tirar alguns dias de descanso, informou sua assessoria de imprensa.
É possível que Dilma passe o período em Porto Alegre, ao lado da filha Paula e do neto Gabriel, mas o destino não foi confirmado pela assessoria. Ela mesma chegou a dizer na segunda-feira que seu destino é "segredo de Estado".
Ainda nesta terça-feira Dilma recebe a equipe de assessores que a acompanha desde a eleição, integrada pelo ex-ministro e deputado Antonio Palocci (PT-SP), pelo deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) e pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra.
Dilma também completa nesta noite a série de entrevistas a emissoras de TV com aparições no SBT e na Bandeirantes. Na segunda, ela deu entrevistas à Record, Globo e RedeTV!. Dilma optou por essas mídias e não concedeu ainda uma entrevista coletiva a toda a imprensa.
Quanto aos integrantes do governo de transição, serão anunciados após a proclamação da vitória de Dilma, nos próximos dias. Devem fazer parte da equipe de transição Palocci, Dutra, Cardozo e o ex-prefeito de Belo Horizonte e candidato derrotado ao Senado de Minas Gerais Fernando Pimentel.
A presidente eleita irá acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Seul, na Coreia do Sul, onde ocorre reunião do G20 e onde ele vai apresentá-la à comunidade internacional. A reunião será entre 11 e 12 de novembro.

Fonte: Reuters, reuters.com

Cardozo confirma que integrará equipe de transição de Dilma


BRASÍLIA, 2 de novembro (Reuters) - O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), um dos principais integrantes da campanha da presidente eleita Dilma Rousseff, confirmou nesta terça-feira que vai integrar a equipe de transição de governo.
"Acredito que sim", foi sua reação ao ser perguntado por jornalistas sobre sua participação na equipe, após chegar à residência de Dilma em Brasília.
Os demais integrantes da equipe devem ser o ex-ministro e deputado Antonio Palocci (PT-SP), o presidente do PT, José Eduardo Dutra, além do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel.
O anúncio será feito após a proclamação do resultado da eleição de domingo.

Fonte: Reuters, reuters.com

Vendas de veículos novos é recorde


Brasil deve ultrapassar Alemanha e se tornar 4° maior mercado em vendas
  
SÃO PAULO (Folhapress) - As vendas de veículos novos no País apresentaram expansão de 8% no acumulado dos dez primeiros meses deste ano, no confronto com o mesmo intervalo em 2009, batendo o recorde para o período com o emplacamento de 2,805 milhões de unidades, de acordo com os dados divulgados pela Fenabrave (federação das concessionárias) ontem. A maior marca até então havia sido contabilizada no ano anterior (2,597 milhões). Considerando apenas outubro, 303,4 mil automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões foram licenciados, atingindo também um novo patamar para o mês, mesmo com a redução de 1,2% ante setembro. No comparativo com igual período no ano passado, houve acréscimo de 3,1%.
“O resultado dos primeiros dez meses do ano mostra a tendência de crescimento do setor. Já a ligeira queda de setembro para outubro foi motivada pela menor quantidade de dias úteis - outubro teve apenas 20”, afirmou o presidente da Fenabrave, Sergio Reze.
O Brasil deve ultrapassar a Alemanha neste ano, tornando-se o quarto maior mercado em vendas no mundo. Para as montadoras instaladas no País, o câmbio ainda é um dos principais entraves para o crescimento das exportações, o que elevaria a produção local - o Brasil ocupa apenas a sexta posição no ranking global. Em quantidade, as vendas para o exterior já retomaram o nível pré-crise, mas não em valor, devido à maior participação dos veículos desmontados - que têm me­nor valor agregado - nessa equação.
No Salão Internacional do Automóvel, que vai até domingo, em São Paulo, o presidente da GM na América do Sul, Jaime Ardila, ressaltou que a valorização do Real é mais um problema para a indústria do que para as marcas, já que essas podem importar veículos de outras fábricas dependendo da conjuntura de mercado. “Mas nos­sa preferência é produzir aqui. Nossa preocupação é com uma desindustrialização do País, que pode acontecer se a valorização do Real continuar no ritmo atual”, disse o executivo.
Cerca de 65% dos veículos que entram no País são trazidos pelas próprias montadoras, principalmente da Argentina e do México, com isenção do Imposto de Importação devido a acordos comerciais. Para o presidente da Fiat na América Latina e também da Anfavea (associação das montadoras), Cledorvino Belini, ainda assim o aumento dos importados é preocupante.

Fonte: Folha de PE

Futuro // O que virá depois de Lula


Vandeck SantiagoFonte: Diário de Pernambuco

Não chamem o professor Mangabeira Unger de "otimista" que ele corrige de imediato: "Otimista, não! Eu sou esperançoso". No raciocínio dele "otimismo" é atitude contemplativa, coisa de sonhador; já o "esperançoso" sinaliza para a ação - e apesar de ser costumeiramente definido como "sonhador", ele é um pensador obcecado pela ação. O tema da esperança de Mangabeira Unger agora é o Nordeste. Ele está esperançoso que a presidente eleita Dilma Rousseff avance mais do que Lula em relação à região. Isso porque ela vai começar já de um patamar confortável deixado pelo presidente Lula - obras, investimentos e inserção da região na agenda nacional. Mas para aproveitar esta oportunidade o Nordeste deve ter uma postura mais afirmativa e seus parlamentares precisam deixar de lutar por bandeiras pequenas no Congresso e abraçar a causa do desenvolvimento da região como projeto nacional. Há todas as condições para que, nesse novo governo, o Nordeste seja a vanguarda de um projeto desenvolvimentista para o Brasil, entende ele. Um otimista diria que este é um pensamento idealista; mas um esperançoso como o professor Mangabeira está convicto de que isso é possível. Professor de Harvard desde 1970, foi ministro de Assuntos Estratégicos de outubro de 2007 a junho de 2009, quando retornou à universidade norte-americana. Elaborou o estudo "O desenvolvimento do Nordeste como projeto nacional", fruto de encontros com autoridades e comunidades da região e que foi aprovado com entusiasmo por Dilma quando ela ainda era ministra. Retornou ao Brasil na reta final da eleição. Nessa entrevista, ele diz porque está "esperançoso" com o Nordeste no novo governo.



Análise // Com todas as condições para um bom governo




Com mais de 55 milhões de votos, Dilma Rousseff venceu o adversário José Serra (PSDB), garantiu o terceiro mandato presidencial consecutivo para o PT e tornou-se a primeira mulher a chegar à Presidência no Brasil. Terá maioria folgada na Câmara e no Senado e dos novos 27 governadores do país, 16 são seus aliados. Nos dois turnos a agora presidenta eleita teve no Nordeste sua melhor votação: 62% no primeiro (única região onde passou dos 50%) e 66% no segundo. Neste segundo turno ela venceu em três regiões (Sudeste, Nordeste e Norte) e perdeu em duas (Sul e Centro-Oeste).

Foi eleita principalmente pelo apoio do presidente Lula, que tem 83% de aprovação. Mas ao longo de toda a campanha mostrou-se uma candidata capaz de enfrentar o principal nome do PSDB, José Serra, que já disputara uma eleição presidencial (em 2002) e vinha de vitórias seguidas em São Paulo - primeiro para prefeito da capital e depois para governador.

Dilma Rousseff deve continuar dando ao Nordeste o mesmo tratamento preferencial que a região teve no governo Lula. Primeira mulher a eleger-se presidente do Brasil, ela terá maioria na Câmara e no Senado e o apoio de 16 dos 27 governadores. Primeiro desafio que terá pela frente será a composição do ministério - com a ampla aliança que lhe dá sustentação, será praticamente impossível contentar a todos. Mas o conhecimento que tem da máquina deve facilitar o seu trabalho. Foto:Helder Tavares/DP/D.A Press


Uma sequência de crises no governo acabou levando Dilma à condição de candidata. O nome maiscotado no PT, no primeiro mandato de Lula, era o do ministro da Casa Civil, José Dirceu, que caiu no escândalo do Mensalão, em 2005. Dilma, que era ministra das Minas e Energia, o substituiu e começou aí sua escalada. À frente dela, na "fila" de presidenciáveis petistas, ainda havia outro nome: o de Antonio Palloci, ministro da Fazenda. Mas este também caiu, em março de 2006, após a crise da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. A partir daí teve início a consolidação do nome de Dilma como a candidata à sucessão. Em março de 2008, durante ato no Rio de Janeiro, o presidente Lula a nominou como "a mãe do PAC" (Programa de Aceleração do Crescimento). Era o ponto de partida da caminhada que chegou ontem ao seu ponto final: a eleição para presidente. Agora, o principal desafio que terá pela frente nos primeiros momentos será o de provar que não é apenas uma "sombra" de Lula.

Em relação ao Nordeste o indicativo é que a região continue a ter em seu governo o mesmo tratamento diferenciado que teveno governo Lula. Muitas das obras que estão em andamento fazem parte do PAC, que ela comandou. Além disso, desde 2002 a região tem-se caracterizado como retaguarda social e política de Lula e do PT. Detentora de 27% do eleitorado nacional, a região tem um peso político que deve continuar sendo valorizado pela nova presidente.

Na composição do ministério ela deve enfrentar pressão de políticos da região para a nomeação de aliados. Os governadores dos três principais estados nordestinos, Eduardo Campos (PE), Jacques Wagner (BA) e Cid Gomes (CE), já externaram o desejo de ter nomes dos seus estados no novo ministério. Sob a análise da geografia política, Dilma - que nasceu em Minas Gerais e construiu sua carreira no Rio Grande do Sul - será também uma presidenta que não tem base em São Paulo, o maior estado da nação e onde o PSDB está no governo há 16 anos.

Ela chega à Presidência com a vantagem de ter estado no governo nos últimos oito anos. Tem um conhecimento da máquina federal que lhe poupará da dificuldadepela qual passam os governantes recém-chegados - a de precisar primeiro familiarizar-se com a estrutura do governo. Dilma já é governo, e continuará governo. A vantagem obtida no Senado (onde terá 59 dos 81 senadores) e na Câmara (372 dos 581 deputados) pode facilitar a realização de reformas, mas ainda há que esperar para ver como se comportará a base governista. De todo modo, eleita com 55 milhões de votos e contando com a ampla aliança que apoia o governo, Dilma Rousseff assumirá a Presidência com todas as condições para dar certo.

Fonte: Diário de Pernambuco

Custo da eleição



 
O custo das eleições brasileiras – primeiro e segundo turno – foi estimado em R$ 490 milhões pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo o ministro Ricardo Lewandowski, presidente do TSE. O orçamento total para a organização do pleito era de R$ 549 milhões. “No segundo turno, houve um acréscimo de R$ 10,3 milhões que foram pagos com suplementações orçamentárias em 10 Estados”, disse. Segundo ele, o gasto previsto inicialmente era de R$ 40 milhões, apenas com alimentação de mesários – R$ 20 por mesário. Todos estes valores estão dentro dos R$ 490 milhões. “Isso significa que esta eleição custou R$ 3,60 por eleitor. É um custo relativamente barato para termos uma democracia funcionando e com esse grau de eficiência no nosso País”, avaliou. Para Lewandowski, o TSE chegou ao segundo turno com “índice elevado” de julgamentos sobre registro de candidaturas. “Dos 1,926 mil, já julgamos 85%”, calculou. Quanto aos casos relativos à Lei de ficha limpa foram julgados 2/3 dos recursos, que têm um grau de dificuldade um pouco maior, segundo ele.
 
Fonte: Jornal do Commercio