Gabriel Caprioli e Tiago Pariz
A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) quer conduzir o período de transição nos próximos dois meses com a faixa de presidente no peito. Bastante à vontade, bem humorada e disposta a responder a qualquer pergunta, a petista deixou claro, ao lado do mentor Luiz Inácio Lula da Silva, a pauta que pretende ver o Congresso debruçado.
Dilma deixou no ar a possibilidade da criação de um tributo para financiar a saúde - papel que já foi da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), conhecida como o imposto sobre os cheques. Não só quer ver aprovado o marco regalório do pré-sal, como garantir um salário mínimo superior a R$ 600 em 2012, reajustar o valor mensal do Bolsa Família e expandir o número de beneficiados.
A petista garantiu que não enviará nenhuma proposta de retorno da CPMF. Na verdade, nem precisa. Tramita no Congresso uma emenda constitucional que recria o tributo com o nome de Contribuição Social para a Saúde (CSS). Dilma prometeu não fazer nada sem antes garantir um grande acerto com os governadores eleitos. "Não pretendo encaminhar nada ao Congresso, mas o país será resultado desses acordos. O que quero dizer é que não há uma necessidade premente da União (em aumentar a arrecadação via novos impostos). Mas nos estados, há esse processo", afirmou.
Lula não escondeu a alegria de estar ao lado da pupila. Usando um tom despojado, tratou o financiamento da saúde como prioritário. Praticamente disse ser urgente encontrar uma maneira para elevar as receitas. "Alguma coisa tem que ser feita se a gente quiser levar tratamento de alta complexidade para todos. Todos os políticos têm plano de saúde. Todo jornalista tem plano médico. Todos os deputados e senadores têm. Portanto, eles, quando entram num hospital, fazem quinhentos exames naquelas máquinas sofisticadas. Se a gente quiser levar isso para a sociedade, vamos ter que ter mais recursos", exemplificou.
Dilma escolheu o Palácio do Planalto como local de sua primeira entrevista coletiva. Acabou abordando assuntos diversos: indicação de ministros, relação do PT com o PMDB, MST, trem bala, política externa, obras no Nordeste e governo de transição. Bastante aliviada em relação ao perfil da última semana antes da eleição, encampou pela metade uma proposta de seu adversário José Serra (PSDB) para o salário mínimo. "Nós vamos ter um salário mínimo, no horizonte de 2014, bem acima de setecentos e poucos reais. Se não tiver nenhuma alteração, já no início de 2012 ele estaria acima de R$ 600", afirmou Dilma. Serra havia proposto esse valor para o ano que vem.
Sombra - A presidente eleita deixou o Planalto direto para um retiro de quatro dias em uma praia nordestina. Enquanto descansa, os parlamentares aliados quebrarão a cabeça para tirar do papel essa pauta de intenções. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, diz que os dias escassos de votação impedirão a análise de propostas mais sensíveis, como o tributo destinado ao financiamento da saúde. Até o fim do ano, são 11 dias de votação,trancados por 12 medidas provisórias. "Com Orçamento e pré-sal, não conseguiremos apreciar mais nada", reconheceu o petista.
Essas propostas não são polêmicas apenas no Congresso. Para analistas, as declarações podem ser compreendidas como uma sinalização do estrangulamento das contas públicas. Uma vez que não consegue frear o comprometimento com a elevação dos gastos e deve contar com um crescimento econômico menor em 2011, o governo já estaria criando um clima propício para expandir as fontes de receita.
Dilma deixou no ar a possibilidade da criação de um tributo para financiar a saúde - papel que já foi da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), conhecida como o imposto sobre os cheques. Não só quer ver aprovado o marco regalório do pré-sal, como garantir um salário mínimo superior a R$ 600 em 2012, reajustar o valor mensal do Bolsa Família e expandir o número de beneficiados.
Ao lado de Lula, Dilma concedeu a primeira entrevista coletiva depois da eleição e antes de descansar por quatro dias numa praia do Nordeste: bom humor e acenos aos parlamentares Foto: Edilson Rodrigues/CB/D.A Press |
A petista garantiu que não enviará nenhuma proposta de retorno da CPMF. Na verdade, nem precisa. Tramita no Congresso uma emenda constitucional que recria o tributo com o nome de Contribuição Social para a Saúde (CSS). Dilma prometeu não fazer nada sem antes garantir um grande acerto com os governadores eleitos. "Não pretendo encaminhar nada ao Congresso, mas o país será resultado desses acordos. O que quero dizer é que não há uma necessidade premente da União (em aumentar a arrecadação via novos impostos). Mas nos estados, há esse processo", afirmou.
Lula não escondeu a alegria de estar ao lado da pupila. Usando um tom despojado, tratou o financiamento da saúde como prioritário. Praticamente disse ser urgente encontrar uma maneira para elevar as receitas. "Alguma coisa tem que ser feita se a gente quiser levar tratamento de alta complexidade para todos. Todos os políticos têm plano de saúde. Todo jornalista tem plano médico. Todos os deputados e senadores têm. Portanto, eles, quando entram num hospital, fazem quinhentos exames naquelas máquinas sofisticadas. Se a gente quiser levar isso para a sociedade, vamos ter que ter mais recursos", exemplificou.
Dilma escolheu o Palácio do Planalto como local de sua primeira entrevista coletiva. Acabou abordando assuntos diversos: indicação de ministros, relação do PT com o PMDB, MST, trem bala, política externa, obras no Nordeste e governo de transição. Bastante aliviada em relação ao perfil da última semana antes da eleição, encampou pela metade uma proposta de seu adversário José Serra (PSDB) para o salário mínimo. "Nós vamos ter um salário mínimo, no horizonte de 2014, bem acima de setecentos e poucos reais. Se não tiver nenhuma alteração, já no início de 2012 ele estaria acima de R$ 600", afirmou Dilma. Serra havia proposto esse valor para o ano que vem.
Sombra - A presidente eleita deixou o Planalto direto para um retiro de quatro dias em uma praia nordestina. Enquanto descansa, os parlamentares aliados quebrarão a cabeça para tirar do papel essa pauta de intenções. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, diz que os dias escassos de votação impedirão a análise de propostas mais sensíveis, como o tributo destinado ao financiamento da saúde. Até o fim do ano, são 11 dias de votação,trancados por 12 medidas provisórias. "Com Orçamento e pré-sal, não conseguiremos apreciar mais nada", reconheceu o petista.
Essas propostas não são polêmicas apenas no Congresso. Para analistas, as declarações podem ser compreendidas como uma sinalização do estrangulamento das contas públicas. Uma vez que não consegue frear o comprometimento com a elevação dos gastos e deve contar com um crescimento econômico menor em 2011, o governo já estaria criando um clima propício para expandir as fontes de receita.
Fonte: Diário de Pernambuco