sábado, 30 de outubro de 2010

Dilma e Serra adotam postura menos agressiva no último debate


Beto Silva
Do Diário do Grande ABC

Seja por ser o último embate direto de ideias antes da eleição de amanhã, seja pelo formato diferente do programa, o fato é que os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) foram menos agressivos um com o outro no debate de ontem à noite promovido pela Rede Globo.
Os dois candidatos não fizeram perguntas, somente responderam indagações de eleitores indecisos selecionados pela emissora. Ficaram de pé, o que permitiu interação com o público de 80 pessoas que estavam na arena montada para a atividade. Assim, se limitaram a comentar as considerações feitas pelo adversário.
Foi uma atividade morana, que teve poucos momentos de dinamismo. Mas com afirmações mais ponderadas do que os três últimos (Band, Rede TV! e Rede Record). A petista e o tucano dividiram espaço de aproximadamente quatro metros quadrados, mas mal se olharam. Os ataques, desta vez, foram indiretos, sem ênfase.
Quando o assunto foi corrupção, por exemplo, Dilma não citou Paulo Preto, ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), ligado ao adversário e que está envolvido em escândalo de suposto desvio de verba no governo estadual. Serra não mencionou Erenice Guerra, ex-braço-direito de Dilma na Casa Civil, acusada de suposto tráfico de influência no governo federal.
"Não pode haver impunidade", defendeu a petista. "O exemplo tem de vir de cima, tem de escolher bem as equipes e ser implacável com as irregularidades. Não passar a mão na cabeça, que é terrível para a sociedade", frisou o tucano.
Sobre a valorização do funcionalismo público, a ex-ministra atacou indiretamente o governo de São Paulo, comandado pelo PSDB há 16 anos. "Temos de ter um plano do magistério. Não se pode estabelecer com o professor relação de atritos, recebê-los com cassetete e cessar o diálogo", discorreu, sobre embate entre educadores paulistas que faziam manifestação por melhores salários e policiais que tentavam conter o ato.
O ex-governador, por sua vez, salientou a relação afinada do governo Lula e do PT com sindicatos e movimentos sociais. "Temos de ter entendimentos que passem por cima de partido e de sindicatos partidários. Temos de ter acordo nacional para isso."
Quando os presidenciáveis tentaram explorar suas propostas, ficou difícil diferenciar um projeto do outro. As explicações foram rasas e sobraram as famosas muletas discursivas, como "fortalecer", "ampliar" e "valorizar".
A discussão na área tributária foi um exemplo. "Tem de desonerar folha de salário, fazer uma reforma tributária que diminua os impostos sobre a folha de salário", afirmou Dilma, sem dizer os critérios que utilizará, o que despertou reação sutil do concorrente. "O Brasil é o país onde existe a maior cobrança de imposto sobre a folha de salário. Mas temos de ter responsabilidade para não tirar (recursos) do FGST (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) ou do fundo do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)? Temos de pensar em outra alternativa", avaliou Serra, também deixando de lado a solução.
As alfinetadas existiram, mas foram suaves. "A Saúde no Brasil voltou para trás", sinalizou o tucano, para finalizar de forma corriqueira ao falar de sua biografia (foi deputado, senador, ministro, prefeito e governador). A petista enfatizou as conquistas dos últimos oito anos do governo Lula e prometeu zerar a pobreza no País. "Nós crescíamos 2,5% ao ano, às vezes, 0% (atualmente a média é de 4% a 5%)", destacou Dilma, ao considerar que será a continuidade de seu padrinho político.

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